sábado, 18 de junho de 2011

Xilocaína

O deboche e a ironia são as armas do cretino (Rui Barbosa)

Xilocaína é um anestésico local bastante eficaz. Uma vez entrou uma farpa em meu dedo e por ter deixado a área muito dolorida, ia precisar fazer uma cirurgia para removê-la. Lembrei da xilocaína, apliquei-a e, já sem dor, pude com uma pinça retirar o corpo estranho do indicador, que me agradece até hoje.  Normalmente, o dentista, antes de aplicar a anestesia, faz uma massagem na gengiva, evitando o paciente sentir a picada da agulha.

 --Ué! Agora virou médico? Você pode questionar. Aguarde só um pouquinho que no final vai entender.

--Landim, eu tenho uma equipe na informática que não me dá qualquer trabalho e nem satisfação. Eu não faço idéia de como as coisas funcionam lá. Você vai gostar demais dos funcionários; eles são simpáticos e muito agradáveis. Disse-me a maior autoridade da mega-empresa.

--Então, Professor, o senhor está querendo um estudo para saber se é possível otimizar o trabalho, ou pretende que dados sejam levantados para realizar novos investimentos?

Lídimo acabara de assumir a administração do complexo empresarial e sem me surpreender respondeu: --Faça um rastreamento englobando tudo isso. Vamos conhecer Umá?

Umá, o engenheiro de sistemas, gerente de informática, era por demais envolvente. Quando fui apresentado a ele, fez exagerada questão de me levar a todos os setores enchendo-me de luminescência, declarando: Landim caiu do céu, ele vai resolver os problemas.

Umá era uma pessoa vidrada no escárnio. Seu princípio era: “idiotizei-me e você me amou”. Chegou mesmo a compor um pagode mais ou menos assim:

Eu sou Umá

Minha aparência de vassalo,
exibe o doce aspecto do cavalo!
Idiotizo-me quando falo,
E sou amado de estalo!

Para testar meus conhecimentos Umá fez sorrindo sua primeira pergunta maldosa:o que é uma “rede estrela“? Como eu também gosto de sorrir, respondi como um apresentador de televisão: é uma topologia onde os satélites (terminais) são atraídos pelo sol (servidor), girando em torno dele, sem jamais parar de funcionar.

As pessoas eram fortes em comunicação, sendo cada uma extremamente bem relacionada com algum diretor ou gerente. Os demais colegas eram íntimos e tudo era embarrigado com muita habilidade.

Em meus encontros com o pessoal de informática, eu era sempre aconselhado a deixar as coisas como estavam. Cada empregado preocupava-se em dizer para mim de quem era amigo, sugerindo que eu fosse infiel na difícil tarefa que me coubera realizar. Ninguém concordou com qualquer mudança de atitude. Todos faltavam, faziam trabalhos particulares, sendo mesmo indiferentes aos interesses da corporação.

Durante 90 dias fiz várias reuniões com as chefias de cada setor e o produto final foi o “Relatório dos 3 Ps”, assim composto:

PDI   -  Plano Diretor de Informática
PRF  -  Plano de Reaproveitamento de Funcionários
PDE  -  Plano de Defenestração de Empregados

--Gil! Falou Lídimo emocionado: Esse “PDI” está muito, muitíssimo melhor do que eu desejava, vou aprová-lo integralmente. Agora esse PDE eu nunca ouvi falar, é para mandar todo o mundo embora?
-- Li, por que você não usa o PRF? Se você optar pelo PDE,  as mudanças a serem feitas serão tão dolorosas, que você vai precisar de muita xilocaína..

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Escrito por:
Gilberto Landim

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Vitória-Régia

Ainda que as águas tumultuem e espumejem, e na sua fúria os montes se estremeçam, há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus. (Salmo 46:3)

Quanta chuva! Parecia que o planeta estava a inundar-se. O céu começou a ficar escuro às 13:00 horas. Acho que os animais até se recolheram mais cedo, nesta tarde tão plúmbea. Estava examinando um relatório de uma conferência que ia participar. Voltei a olhar pela janela e, tornando a ver as mesmas imagens, pensei: estarei filmando alguma cena, ou o avião vai cair?

--Senhores passageiros. Daqui a pouco, pousaremos em Manaus. Vamos dar ainda algumas voltinhas devido as fortes chuvas. Após meia hora adicional de viagem grátis, o pássaro de prata deitava seus ovos ( passageiros ) em terra.

Fui hospedado em um hotel bem especial, à beira do rio Negro. Curiosamente, meus aposentos ficavam na ala Vitória-Régia. Você pode pensar: curiosamente porquê, se a Vitória-Régia é o que mais tem em Manaus? Aguarde um instante e saberá.

A agenda estava tão extensa, que ficava difícil liberar meu cérebro, para registrar adequadamente as características tão únicas da CAM - Cidade-Água-Mata.

Findo o dia de vários compromissos, pude então retornar ao confortável hotel e pensei: amanhã será um dia de tantas ocupações que acho melhor desligar o ar-condicionado e deixar a janela aberta, para ser acordado pelo som dos animais.

Acordei, como previsto, bem cedo. Escutava sons jamais imaginados. Lembrei do grande escritor Ferreira de Castro, quando editou seu excelente livro: A Selva. É demais! Nosso Senhor! Parece até a OSSA – Orquestra Sinfônica da Selva Amazônica – , regida pelo maestro Uirapuru. É só bicho. Aliás, se mexer em alguma coisa, estraga.

Entretido com tamanha sinfonia comecei a lembrar de uma microempresária do Rio de Janeiro. --Conto?

Dispensada através do “sopão” – programa de demissão voluntária com vantagens – após  10 anos de trabalho em uma empresa transnacional, a corajosa mulher decidiu montar um restaurante.

Nos primeiros 90 dias, foi tudo show de bola. Colocava nas mesas, diariamente, cerca de 100 talheres, dando para pagar as contas. Se dobrasse o número de consumidores, poderia mesmo começar a ganhar dinheiro, principal finalidade de um bom negócio.

Como as vacas magras de vez em quando surgem, – tomara que não apareça em sua firma – sem saber como, a partir do quarto mês, o restaurante somente estava tendo um movimento de 10 pessoas. A situação ficou tão difícil que cortaram o gás.

Lembrou da seleção natural da espécie proposta por Charles Darwin e, depois de passar 50 minutos lutando em oração, abriu seus olhos, quando se deparou com uma belíssima lata de tinta.

Assim que começou a pintar o restaurante, os 10 fiéis clientes chegaram perguntando: --o que houve? --não vai ter comida hoje?
--Gente! Mil desculpas! Vocês não foram avisados?
--Resolvi pintar o restaurante para atender melhor a vocês. Também estou me re-estruturando para a partir de amanhã, acrescentar ao cardápio uma novidade espetacular, o Pirarucu!

Intrigado por não saber o resto da história, atendi ao telefone. Era o pessoal que já estava  aguardando para tomar café comigo. Partimos, então, para os compromissos.

Almoçamos em um restaurante flutuante no Rio Negro, nos deliciando com costela de  tambaqui e retornamos ao trabalho.

À noite, perguntaram-me se eu gostava de Pirarucu. Respondi: --lógico!
--Que coincidência, falei. Hoje, pela manhã, lembrei de uma moça chamada Vitória-Régia.  Fui interrompido.

--Oi! Você me chamou?

--Vitória-Régia! O que você está fazendo aqui em Manaus? Como ficou o seu restaurante lá no Rio?  Conseguiu pagar o gás?

--Gil, a idéia da tinta foi providencial, pois até os 10 clientes eu ia perder, sem ter como cozinhar. Resolvi ganhar tempo pintando, enquanto conseguia recursos para quitar o gás. O sucesso foi tamanho que passei a trabalhar somente com o Pirarucu. O movimento diário ultrapassava 300 pessoas. Foi um negócio tão lucrativo que decidi mudar para Manaus e, agora, sou a dona desse restaurante.

--Posso mandar servir a vocês um bom Pirarucu?

--Vi, me diz só uma coisa: o que a fez escolher Manaus?

E ela respondeu assim:
-- E existe algum lugar melhor para a Vitória-Régia?
 

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Doce de Flores

A glória desta última casa será maior do que a da primeira. (Ageu 2:9)

Tantos anos com a loja. Evil Merodaque, era “O Cara” em seu ramo. Conhecido na praia, de Botafogo, pela tradição, eficiência e seriedade que envolvia seu bem sucedido negócio. Fazia questão de ser o primeiro a chegar e abrir a empresa, desde sua fundação. Durante décadas, muitas firmas quebraram, mas a sua, permanecia de pé!

Com a abertura de quiosques a cada duas quadras, para ofertar os mesmos produtos, seu Merodaque, chegou à conclusão de que se orgulhar de ter um dos primeiros CNPJ, da Região Administrativa, acabaria por fazer grande mal ao seu bolso, optando por mudança de atividade. Afinal quem só tem 70 anos, ainda é uma criança, comparado com Matusalém.

Ultimamente seus negócios estavam tão calmos, que, aconselhado por sua esposa Lia, desenvolveu um novo hábito no trabalho: passou a comprar um livro toda a semana e ler durante o expediente. Jamais poderia fazer isso se tivesse um chefe. Essa gente tem como expertise, a arte cênica e quando a loja fica vazia, exige que seus atendentes arrumem pela enésima vez, aquilo que já estava no seu devido lugar. É claro que no fundo, os gestores têm razão de simular ocupação, aos olhos do cliente. Uma loja com os empregados se mexendo leva o comprador a inferir que a empresa esteja em plena atividade produtiva.

-- Ilana, bom dia! Você é a minha melhor cliente. – disse seu Merodaque.

-- Hoje, vou comprar dúzias de rosas. Vamos colocar nos três andares da empresa. Chegou um tal de Van Levaa Rosen (lembra “vão levar as rosas”), um diretor da Holanda, que é alucinado por essa flor.

-- O senhor acabou de ler esse livro. Gostou? – perguntou a moça, acompanhando a direção dos olhos do velho, para a última linha da página final.

-- Em termos. Embora eu goste de jasmim e minha mulher de rosa, a gente tem misturado os perfumes e se amado por meio século. O livro é mais indicado para pessoas descoladas. -- E seu Merodaque fez esse resumo:

No livro “Recomeços”, a autora Danielle Steel, refere-se a dois estudantes. A mulher, era avessa a idéia de casar, ter filhos e morar no interior. Irrefletidamente se uniram. Passados 10 anos, a esposa confirmou não poder levar aquele tipo de vida, deixando marido e filhos. A bela flor foi embora, e com ela seu perfume.

Divorciado, o rapaz conheceu uma moça famosa do teatro. A jovem entendia que a felicidade era muito melhor do que o sucesso. Queria muito ter um marido, gerar e criar filhos. Os filhos gostaram muito da doce madrasta e a casa foi visitada por uma, antes desconhecida fragrância de paz.

-- Seu Merodaque. Eu sou sua amiga. Nas redondezas, existem quiosques que vendem flores. Nossa firma recebe publicidade impressa, ligações telefônicas e e-mails de várias empresas oferecendo flores. Todas as flores da empresa, por determinação minha, são compradas na sua loja. Como especialista em marketing, sou categórica em afirmar que por maior que sejam os investimentos nessa área, o retorno será difícil. A concorrência cresceu como praga, sem que nenhuma atitude fosse tomada para frustrar seu objetivo. Sua solução agora está na história do livro da Danielle Steel.

A marketeira explicou com paciência, ao ancião de dias, que o livro Recomeços, poderia ter outra plataforma de visualização, levando a pessoa a trocar o ramo de atividade.

Ficha caída e tradição esmigalhada, deletaram a atividade do antigo comércio florista. Seu lugar agora foi ocupado por uma excelente loja de doces. A casa está sempre cheia e dois novos empregados foram contratados. Cliente é o que não falta.

-- Bom dia Seu Merodaque. Parou de ler? – perguntou Ilana.

-- Aqui na loja, com o movimento que você está vendo, é impraticável. Como já estava habituado, passei a ler em casa. Minha esposa Lia, sempre cultivou o hábito da leitura. Está achando uma delícia a gente ler juntos. Ela disse que eu poderia mudar de ramo sem sentir. Essa loja de doce é sugestão dela e de duas abelhas.

-- "Tadinho" do senhor. Deu pra ouvir abelhas.

-- Ilana. Hoje você chegou muito cedo. Amanhã estarei lhe apresentando minhas amigas invertebradas.

O mesmo espaço da antiga vitrine de flores, foi transformado no maior sucesso de seu Merodaque. Decidiu recomeçar com uma simpática loja de doces.

Se o lojista é proprietário de um imóvel ou pagou luvas pelo ponto onde desenvolve sua atividade, deverá estar disposto a fazer constantes avaliações para dar ou não continuidade ao negócio. Eu já trabalhei em uma multinacional que fechou 25 das 33 unidades fabris espalhada pelo mundo. As mais de 200 filiais se fizeram substituir por menos de 20. Estudos de viabilidade são feitos e os prazos para alcançar metas são criteriosamente analisados. Muitos produtos foram descontinuados, para dar lugar a outros completamente fora da área de atuação da companhia. Hoje, a “multi”, fatura e lucra mais do que quando dispunha de uma estrutura imensa.

Quando o posto de combustível agregou ao seu negócio, a loja de conveniência, somente os donos e os marketeiros acreditavam na esperança de bons resultados. Agora é fato. Acho até difícil, alguém abastecer o carro sem parar para beliscar e lembrar enquanto isso, que precisa fazer alguns serviços na fubica flex, deixando mais alguns trocados no bolso do dono do negócio.

O novo negócio parece um carro, que fez uma boa revisão para viagem. Até os pneus estão novinhos, dando mais aderência à estrada dando um prazer de dirigir. A limpeza feita no veículo permite ao usuário sentir um doce cheiro de flores em seu interior.

A empresa mudou de atividade mas o "modus faciendi" (maneira de agir) continua tendo a assinatura do florista.

-- Ilana! Ilana! Veja aquelas duas abelhas perto da goiabada. Estão comigo desde o tempo das flores. São as amigas que lhe falei outro dia. – disse entusiasmado seu Merodaque. E, foi em frente:

-- Um dia, quando ainda era florista, duas abelhas chegaram tão perto do meu ouvido, que escutei um trecho da conversa delas:

-- Abê-um. Se as "pesselhas" (pessoas abelhas) perguntarem o que você tem feito, qual é a sua resposta?

-- Ih! Abê-dois. Eu simplesmente repondo:
Continuo mexendo com pólen e dele extraindo Doce de Flores.




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Escrito por:
Gilberto Landim

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